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segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Melhor

Recentemente, como ciclicamente sempre ocorre, circulou nos meios da Fórmula 1 a célebre pergunta: "Quem foi o melhor piloto de todos os tempos?". Mas dessa vez, de maneira inusitada e nada modesta, houve uma resposta simples e direta: "Eu!". Proferida pelo líder do campeonato, Jenson Button. (leia aqui)

Eu acompanho a Fórmula 1 desde 1981. Já lá se vão quase 28 anos. Por isso já vi e ouvi bastante. Acabei aprendendo algumas coisas. Imagino que Button não se sente tão "melhor piloto" assim, embora esteja vivendo um ótimo momento. Suas declarações pareceram-me cuidadosamente planejadas para levantar a polêmica e colocar o Esporte em evidência pelo lado da competição, a fim de ofuscar um pouco as recentes intrigas e desgastes que expuseram a nada bela face política da categoria.

Mas essa pergunta, sempre recorrente, ainda me intriga. Acho interessante como, apesar de afastado (pelo destino) há mais de 15 anos, ainda ouço de brasileiros a resposta indubitável: "Ayrton Senna". Curiosamente uma grande fatia desses que o consideram o melhor da história sequer o viram guiar. Não sabem o quanto Ayrton era espetacularmente rápido e agressivo. Um dos melhores, com toda a certeza.

Mas não O Melhor. Desculpem a sinceridade.

Ayrton sequer foi melhor do que seu mais formidável oponente: Alain Prost. Nos dois anos que correram juntos na Mclarem, ganharam os títulos nas duas temporadas. Mas foi um troféu para cada um.

Entretanto, Alain fez mais pontos nas duas temporadas (em 1988 havia uma regra de descarte de pontos que acabou decidindo o campeonato em favor de Senna). Ao longo de sua carreira, Prost venceu mais corridas do que Senna, venceu mais campeonatos, fez mais pontos. O brasileiro supera (e muito!) o francês em Pole Positions. Mas Pole Position não conta nada na Fórmula 1.

Além disso, Ayrton teve, depois da saída de Alain Prost, anos mais "fáceis" em que guiou seu Mclarem com um segundo piloto que fazia o mero papel de escudeiro: Gehrard Berger. Gehrard cumpriu, para Senna, o mesmo papel que Rubinho cumpriu para Schumacher. Além de Berger, Senna se viu dividindo as atenções das equipes com pilotos de bem pouca expressão, como Jhonny Dunfries, Satoru Nakajima e Michael Andretti. Enquanto as equipes de Alain o esperavam com pilotos do naipe de Niki Lauda, Keke Rosberg, Nigel Mansell e o próprio Ayrton Senna. Todos campeões mundiais.

Assim, Alain Prost venceu mais campeonatos do que Ayrton. Marcou mais pontos. Venceu mais corridas. E isso tudo dividindo atenções das equipes com pilotos muito mais competitivos. Além disso, Alain sempre se mostrou superior no acerto e desenvolvimento dos carros, bem como um estrategista quase perfeito.

Mas também não é Alain o maior piloto de todos os tempos. Essa lista dos melhores da história, aliás, é sempre polêmica e muito difícil de ser feita. Para mim há três nomes históricos que eu jamais vi correndo e que precisariam estar nela: Juan Manuel Fangio, Jim Clark e Jackie Stewart. Mas são três que, infelizmente, nunca vi em ação.

Se eu olhar para a Fórmula 1 de 1981 para cá a lista dos melhores pilotos que eu vi correr é bem interessante.

1. Michael Schumacher. Apesar das polêmicas e dos constantes episódios que revelam um caráter duvidoso, o tedesco foi praticamente perfeito em todos os quesitos.
2. Alain Prost.
3. Ayrton Senna.
4. Nélson Piquet, que teve muito menos oportunidades do que os três supra-citados. Mas deixou sua marca e ganhou o respeito de todos, sem nenhuma dúvida.
5. Niki Lauda.

Acho que é isso. Poderia citar Nigel Mansell, Mika Hakkinen e Fernando Alonso, mas aí correria o risco de estar cometendo injustiças por omissão de alguém. Emerson Fittipaldi, Graham Hill, Jack Brabham e Alberto Ascari merecem estar contemplados também. Mas não os vi correndo de Fórmula 1.

A lista, portanto, é essa mesmo. Discutível? Certamente. Polêmica? Possivelmente.

Pessoal, naturalmente.

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