De acordo com alguns sites de notícias (leia um exemplo aqui), o Governador do estado está incomodado (ele se diz “triste”) com “a posição de parte da rede hoteleira da zona norte de Ilhéus e de Itacaré que está estimulando movimentos e ONGs para fazer oposição ao Complexo Intermodal Porto Sul”.
Eu pessoalmente fiquei preocupado com essa notícia. Não por conta da oposição desses empresários ao projeto, que já é conhecida, e que eu considero lícita, já que cada um sabe de si, e defender os próprios interesses – obviamente dentro da lei e da ordem – faz parte da convivência democrática.
O problema que eu vejo é de estratégia.
Já mostrei os motivos pelos quais o projeto Porto Sul é de importância vital para a região (leia aqui). E apresentei tréplicas a todas as intervenções que recebi (leia aqui). Mas também já discuti sobre os riscos que esse projeto tem, e que precisam ser atenciosamente observados (leia aqui). Pois bem: temo que a entrevista do governador seja um indício de que um dos riscos que eu temo – talvez o pior deles – esteja se concretizando: o risco de que projeto não saia. Ou, se sair, temo que ele seja implementado em outra região. O que condenará Ilhéus a permanecer na sua atual e acelerada decadência econômica, conforme amplamente noticiado por diversos meios de comunicação e órgãos do governo (leia aqui).
É que os políticos gostam de mostrar suas administrações como se fossem forças irresistíveis da natureza: as decisões de um governo são mostradas por seus representantes como verdadeiros bálsamos para as dores da população, e a unanimidade de todos em torno do projeto é uma conseqüência imediata.
Claro que na verdade nunca é assim. Claro que projetos governamentais sofrem oposição, críticas, e podem efetivamente trazer erros graves em sua concepção. Mas a estratégia política é sempre mostrá-lo como a “última flor do láscio”, a idéia à qual ninguém em sã consciência pode se opor.
Deveria ser essa a forma de o governo referir-se ao projeto Porto Sul.
E quando o governador expõe alguma fraqueza na condução do projeto, reconhecendo que há pessoas trabalhando contra o projeto, eu temo que isso, na verdade, seja sintoma de que algo muito mais profundo esteja acontecendo: talvez o governador esteja considerando seriamente levar o projeto para outro local (houve a possibilidade de ser em Valença ou em Porto Seguro) e esquecer essa querela aqui em Ilhéus.
Talvez o governador faça uma leitura de que os resultados das pesquisas de intenção de voto - que não lhes são favoráveis em Ilhéus - sejam fruto da polêmica que se formou ao redor do Porto.
E por isso eu temo que haja um risco real de o projeto não sair, ou pelo menos não ser implementado em Ilhéus. Nesse caso a cidade permanecerá como está: com desemprego e violência crescentes, a população diminuindo (como dizem: Ilhéus está “murchando”, pois as pessoas saem daqui em busca de oportunidade para viver em outros lugares), queda absoluta de investimento em todos os setores, tanto públicos (saúde, educação, habitação, transporte, saneamento) quanto privados.
Mas são apenas temores que eu tenho, e manifesto de público. Não sei se há nenhum fundamento. Tomara que não.
Porque se Ilhéus decidir não mudar seu caminho, então em breve pode ser tarde demais.
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