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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Quem não chora não mama

As recentes gritarias virtuais que se viu em Ilhéus a respeito do Pólo de Informática (leia aqui) e do aeroporto (leia aqui) parecem ter surtido algum efeito. Pois eis que o Governador do Estado aceitou receber os representantes do Pólo para discutirem alternativas (leia aqui) bem como procurou o presidente Lula para encontrar soluções para o aeroporto (leia aqui).

É a confirmação do velho ditado: quem não chora não mama. Não adianta esperar que os governantes tenham a iniciativa pela comunidade. Governos só funcionam sob pressão. Os pensadores franceses Rousseau e Montesquieu provavelmente sabiam disso quando propuseram os patamares onde se sustenta a maior parte das democracias modernas.

Mas a comunidade de Ilhéus não se deve considerar saciada. Pelo contrário. O que se ouviu até agora foi algo como “está bem, vou preparar sua mamadeira”. Mas ainda não se provou uma gota do leite pelo qual tanto se chora.

Basta observar com atenção: por um lado “o presidente Lula garantiu que vai desatar o nó do aeroporto”, mas não falou em datas, não disse como. Ouvem-se as mesmas garantias que já se tem ouvido desde 2007. O presidente confirmou apenas que convocaria uma reunião com as companhias aéreas. Nada foi dito sobre a instalação de novos instrumentos, que talvez pudessem resolver o problema, pelo menos provisoriamente. Não. Desse leite ninguém ainda provou.

Por outro lado, o governador Wagner acenou com um pacote de investimentos para o Pólo de Informática, com linhas de crédito para algumas empresas e melhorias na infra-estrutura. Mas os empresários, na pessoa do Sr. Gentil Pires, alegam que não é suficiente, e apresentaram uma contraproposta ao governo do estado. Não há respostas ainda. Mais uma mamadeira que ainda não está oferecida.

A importância do aeroporto e do Pólo de Informática para Ilhéus transcende o conceito de estratégico. É simplesmente vital. Com o aeroporto operando sob as intensas restrições impostas pela ANAC, toda a estrutura turística (do bom turismo, que engrandece ao invés de parasitar a cidade) está, a cada dia mais, se tornando inviável. As operações industriais, não só em Ilhéus, mas em toda a região, foram fortemente afetadas. O próprio Pólo de Informática sofreu perdas, pois as operações de carga e descarga de equipamento eram feitas durante as horas das madrugadas em que as aeronaves permaneciam no aeroporto. Agora, precisam ser feitas nos minutos de duração de uma escala, o que inviabiliza o embarque de muitos tipos de equipamento.

E o Pólo de informática representa mais da metade da arrecadação de ICMS da prefeitura de Ilhéus. Um quinhão particularmente representativo, sem o qual as finanças do município provavelmente não sobrevivem. Além disso, garante algumas centenas de empregos, o que definitivamente não pode ser desprezado.

Finalmente, caso os problemas imediatos – aeroporto e Pólo de Informática – sejam superados, é preciso que se chore também pelo projeto que pode representar um efetivo avanço econômico e social para a região: o Complexo Intermodal. O governador e o presidente reforçaram a importância estratégica do projeto – o que já é uma obviedade para quase todas as pessoas – mas não se apresenta detalhes como cronograma, valores, projetos de engenharia, etc.

Quem não chora não mama. Prometeram preparar a mamadeira, mas ela ainda não chegou. A fome é maior a cada minuto.

Tem que chorar mais.

Um comentário:

  1. Caro Degas. Muito sábias suas palavras. Estão colocando um docinho na boca das crianças de Ilhéus de novo, pois só temos promessas e mais promessas, e nenhuma ação de verdade. Um dia essa cidade acorda, ou então se acaba.

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