Pesquisar

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Acordo

Parece que a munição da grande mídia anda mesmo um pouco mais curta do que eles mesmos avaliaram. Pois eis que depois de semanas de ataques ininterruptos, o senador José Sarney, o maranhense que é senador pelo Amapá, aparentemente vai resistir e permanecerá exercendo o cargo de Presidente do Senado Federal.

Pelo menos segundo a análise resignada do Estadão (leia aqui) e da Folha (leia aqui), em que mostram o senador do Ceará, Tasso Jereissati, pedindo desculpas pela sua "intempestividade".

Governo e oposição se preparam para um acordo, que salvará a cabeça do presidente do senado, bem como a cabeça de importantes senadores do PSDB e do DEM. O jogo foi travado de uma maneira muito simples: usou-se o fato de que a sujeira que respinga em um também suja o outro lado da história.

Provavelmente ainda se encenará alguns atos teatrais, com um discurso mais inflamado, seguido de algum debate ou votação de processo, mas em seguida tudo se aquietará, calmos e satisfeitos tanto os gregos quanto os troianos.

O que é uma pena. Pois mais uma vez o país perdeu a oportunidade de devassar comportamentos, práticas e leis absurdas que permitem ações totalmente injustificadas do ponto de vista moral e ético, embora eventual e lamentavelmente respaldadas em lei. A própria imprensa é cúmplice, e não cumpre o seu papel quando se esmera muito em denunciar o presidente, poupando o opositor.

E agora a Folha e o Estadão (seguido por outros) noticiam a iminente pizza promovida entre os dois grupos - governo e oposição - com um destaque incipiente. Justamente esse acordo, um flagrante exemplo de mútua não agressão, do clássico Dilema do Prisioneiro, (do inglês "Prisoner's Dilemma", leia aqui).

Assim como no caso do senado, no jogo do dilema do prisioneiro a escolha mais inteligente para ambos os prisioneiros, quando dispõem da possibilidade de um entendimento prévio, é não atacar o seu adversário e, assim, também não ser atacado, o que minimiza as perdas de todos os lados. Quando governo e oposição usam essa prerrogativa, claramente jogando esse jogo de ganho zero, isso precisa ser denunciado pois com certeza é, eticamente, o mais condenável episódio de toda essa disputa política. Não obstante, a imprensa diminui gradativamente o destaque à matéria, caminhando em breve para o armistício.

Isso é um forte indício de que a imprensa nunca desejou fazer uma verdadeira notícia, expondo os bastidores nada olorosos do parlamento. O objetivo era apenas atacar e derrubar José Sarney. Percebida a inalcançabilidade do pleito, optam pelo silêncio. Não se interessam mais.

Porque suas armas precisam ser poupadas, já que servem a propósitos bem específicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui